Há uma porrada de filmes cujo universo faz órbita em volta da gastronomia. Alguns destes filmes provocam uma vontade irresistível de cozinhar. Outros, de comer determinadas coisas. E há aqueles que erotizam a comida, incitando outros apetites além da fome.
Tampopo (1985), o segundo filme do diretor Juzo Itami se encaixa nesta última categoria. Apesar de japonês, o filme tem uma estrutura de western clássico que dá a ele um humor todo especial. Há o herói que chega na cidade com seu parceiro, vilões, uma mocinha em perigo e uma missão a se cumprir.
Sim, o filme é uma sátira social ao Japão dos anos 1980. O humor é irônico e sutil, e a história principal, sobre uma cozinheira em busca da receita perfeita de lámen (e no Japão lámen é coisa séria) se intercala com a de um jovem Yakuza obcecado por sexo, cinema e comida. A costura das cenas, que poderia ser independente, é perfeita, e muitos dos personagens, como o grupo de vagabundos gourmets, são impagáves.Tampopo, ou Dente de Leão, é algo feminino, apetitoso, que se deseja e simboliza desejos a se realizarem. |
Comida e erotismo. Lámen e sedução. Comida e obsessão. Sobrevivência e humor. Comida, cinema e morte. Tampopo se mantém atual, poético e incrivelmente divertido. E você vai querer um autêntico lámen japonês muito antes de terminar de assistir o filme.
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